Anjos Feridos
7 de outubro de 2018
| IvoFerrariComentários sobre anjos feridos
Nos escritos do primeiro livro de Ivo Ferraripublicado em 2004, Mirian Geruza Albino Albuquerque, prefaciando “Anjos Feridos” escreve:
“ um livro é instrumento de transformação social, capaz de alavancar a realidade, acelerando a vida de todos através da visão do autor. Possibilita-nos passear nas suas idéias e mente, espiar suas intenções nas palavras distribuídas na arte do pensar e do escrever. O autor mostra de forma sublime, humilde e sabedora, um olhar crítico sobre problemas que nos envolvem e que passam a ser de nossa responsabilidade a partir do momento que nos toca o coração e os sentimentos”.
Nos versos do poema título, onde descreve a situação de muitas pessoas:
“ A fome assassina
que faz uma criança ajoelhar-se
com lágrimas nos olhos
diante de um pedaço de pão
morre sem saber de onde vem
a mão terrível que lhe fere a vida”.
Ivo Ferrari, dessa forma vai construindo um cenário das muitas diferenças econômicas que são varridas debaixo do tapete social, onde poucos possuem muito e, muitos, pouco ou nada possuem. Declara que nosso País construído de forma gananciosa de fora para dentro, mostra uma superfície brilhante mas que possui um miolo de pobreza, de analfabetismo, de miséria e fome, um universo de pessoas em constante ebulição onde prolifera as drogas, a violência contra as mulheres, a exploração sexual de menores, crianças abandonadas, trespassadas pela fome e incertezas da vida.
Geruza Albino, continua escrevendo na sua reflexão debruçada sobre as palavras na leitura do livro dizendo que:
“Através de sua sensibilidade, oferece ao leitor a possibilidade de reflexão sobre os problemas sociais da vida; a miséria, a desesperança, a fome, a guerra, a indiferença o desamor, por fim, a morte.
Sob o olhar ético, transporta ao leitor as fraquezas e os descasos da vida de uma forma realista, inteligente e poética.
Que cada leitor, possa refletir sobre o que aqui está escrito e buscar dentro de si um novo pensar; um recomeço para esse povo tão perdido, que acredita em um amanhã melhor do que ontem e o hoje, acredita em um novo horizonte, acredita na esperança e no despertar para um mundo melhor.
Quando o autor escreve e acredita que o messiânico possa surgir a qualquer momento em qualquer tempo profetiza um ato de utopia.
“... O cavaleiro andante passa...
alguém no meio da multidão grita por ele
quer tocar suas vestes... ele pára, olha ao seu redor
sente o calor da presença
abraça. Brinca
enxuga uma lágrima de compaixão
dá um longo abraço
um doce sorriso ilumina seu rosto e diz:
- Dias melhores virão”.
A realidade dos longos dias sem horizonte, aqui se transformam em esperança, deixa de ser castigo, para transformar-se em luz no fim do túnel. Ao menos neste momento de delírio, antes da loucura definitiva, passa pela sua cabeça que existe salvação para os abandonados.
Como um caldeirão de lavas em constante ebulição, constantemente esse magma social emerge na crosta humana na forma de roubos e assassinatos, de maneira violenta busca o que lhes falta.
O formato dessa pirâmide perversa, construída pelos seres humanos os que estão no topo só enxergam estrelas. Ali pousam os primeiros raios de sol acolhedores da manhã, é o espaço onde primeiro se aquece e se afugenta a escuridão da negra noite. Ao entardecer ali se reflete os últimos raios de sol, substituídos pela luz celestial das distantes estrelas.
- Lugares onde a negra noite nunca chega.
No mundo há duas realidades. A prosaica que está ao alcance de todos, e outra realidade oculta por trás do aparente, que poucos pensadores a percebem e interpretam nos seus escritos.