A CRÔNICA DAS FLORES – A RESPOSTA DE GARDÊNIA
22 de setembro de 2020

A CRÔNICA DAS FLORES – A RESPOSTA DE GARDÊNIA

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A CRÔNICA DAS FLORES – A RESPOSTA DE GARDÊNIA Harry Wiese Eu sou Gardênia Amarílis da Rosa Antúrio, filha de Margarida Buganvília da Rosa. Li a “Crônica das flores”, escrita a pedido de minha mãe. Também recebi e li o texto dela, “Crônica das flores – a resposta”. Ela me deu até o jornal para eu ler. Nunca imaginei escrever um texto, que até poderá sair para as pessoas lerem, mas se minha mãe escreveu, por que eu não posso escrever também? Muito me lembro da Professora Dona Edy, que sempre incentivou a gente a escrever, escrever qualquer coisa, como um poema, uma carta, um diário, ou até uma lista de compras. Para não fugir do assunto, vou escrever sobre flores, já que minha mãe começou com esse tema. Vou contar a história de um amigo meu que é cientista. Ele é um pesquisador diferente: agora ele pesquisa as flores que crescem nos barrancos das rodovias. Outra pesquisa dele foi sobre as flores das matas ciliares dos rios. Algumas flores de sua lista são bem conhecidas, mas a maioria nem nome têm. Algumas são tão pequenas que quase ninguém dá importância, ninguém vê, mas elas estão lá cumprindo sua missão. Fiquei impressionada com as fotografias que ele tirou, uma é mais interessante que a outra. Quem viaja não dá importância às flores que estão nos barrancos das estradas. Os carros passam rápidos demais. Muitas vezes estão escondidas entre arbustos e capim o que dificulta mais ainda. Sabe que até o capim dá flores? Os andarilhos, solitários e cansados, eles, sim, veem as flores das rodovias. Eles andam pensativos e, às vezes, para se distrair, observam as flores que ali crescem sem regras e cuidados. Outro dia, subindo a Serra da Santa, lá em Pouso Redondo, meu marido parou o carro para descansar um pouco. Então eu vi uma coisa que me impressionou muito e que nunca esqueço. Ali perto, um andarilho sentou-se em uma pedra na beira da estrada e eu só fiquei olhando. De repente ele colheu uma florzinha que cresceu ali perto. Ele olhou, olhou; cheirou, olhou de novo e a guardou no bolso do paletó. Depois ele foi embora devagarinho, porque os andarilhos das rodovias andam devagar. Assim, eu cheguei à conclusão de que as flores das rodovias, mesmo entre mato e capim, florescem para Deus e para os andarilhos. Aquele andarilho não tendo alguém para oferecer a flor, ofereceu-a para si mesmo. Tivesse eu estudo, faria entrevistas com os andarilhos para saber da vida deles, como vivem e como se relacionam com as pessoas. Uma coisa eu quero deixar bem explicada: na próxima viagem para o Planalto Serrano, eu quero colher flores ao longo do caminho: as belas flores do campo. Depois para compensar vou seguir o exemplo de Cora Coralina, porque aquela poetisa eu conheço muito bem, que certa vez disse: “Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”. Também vou pedir ao escritor, se ele acha conveniente colocar no jornal, que coloque as vírgulas, os acentos e as concordâncias, porque não lembro mais direito das coisas da gramática. Um grande abraço da Gardênia Amarílis da Rosa Antúrio!

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