
24 de agosto de 2020
IMPROVISO PARA AMANHÃ – Alcides Buss
Categoria | Poesia
Há coisas que acabam. Há coisas que não acabam.
Pessoas e árvores assim como nascem, assim terminam.
As florestas, porém, teimam em resistir. Viverão para sempre?
A multidão que lota o estádio será pelos séculos afora a mesma multidão. Não, talvez, exatamente a mesma. Mas, ainda assim, será a multidão.
Na sala de aula se vão os alunos, ano após ano. A classe, diante do mestre, será no entanto sempre ela, a classe.
Se vou pela rua repleta, eu sei, carrego comigo o inexorável limite de meu fim. A rua, porém, não está nem aí e adiante vai, sem tempo pra findar.
Se, ao contrário, fosse eu viver para sempre, creio que então se acabariam em morte banal as florestas, os estádios, as ruas.
Talvez acabassem também essas coisas quase nuas, quase soltas, como os sentidos que entrelaçam duas pessoas.
