O poema que não escrevo
é a voz ausente
que está.
É o silencio de palavras
com medo
que não entram
nas palavras.
É o poema que não passa,
não volta.
não abre
e cria novos silêncios
no grito.
Tem a memória do esquecimento,
do que se salva por não existir,
no que me reconhece,
no que me existe.
E tudo disse seu não dizer,
quer dizer
e outra coisa.
É o único livre da fúria da
página em branco,
mas não se parece a nada
seu nada.
Minha máquina de escrever a mão
é a mão.
Minha mão é a mão que
maquina não escrever.
Seu desejo explode entre meus dedos
amputados em frases que evito falar e
não sabem como não dizer.
A palavra limita,
imita,
recusa,
improvisa
e pouco se parece com aquilo que sentimos.
O invisível fala. Mas tudo nunca expõe tudo,
não revela
não traça
Por Gabriel Gómez