Franklin Cascaes: uma cultura em transe
Franklin Cascaes uma cultura em transe
A obra de Franklin Cascaes contém precisamente o poema do instante. A montagem proposta pelo artista contribui para o aniquilamento da cultura.
Sua obra, neste instante, transforma-se em um drama repleto de remorso pela falta do coletivo. O artista concebe a recriação solitariamente. O terror mítico pertence à solidão do próprio artista, pois a leitura da lenda ilhoa não faz mais estremecer os espectadores.
A experiência então não é nada, está pronta para ser assimilada, representada e incorporada, segundo a constituição moderna imediata.
Evandro André de Souza, enquanto estudante do Curso de História da UFSC, era frequentador assíduo do Museu Universitário, onde, entre intensos diálogos, teve contato com a obra e o universo cultural da artista Franklin Cascaes, que registrou na sua produção a memória das tradições e o imaginário dos descendentes dos antigos colonos açorianos no litoral catarinense.
Na casa de Franklin Cascaes havia um cômodo reservado que ele chamava de MUSEU, era cheio de estantes com livros, cadernos, manuscritos repletos de anotações, desenhos, artesanatos e uma profusão de esculturas, com uma dimensão média de 35 centímetros cada uma. Perguntei, naquela época, o que era tudo aquilo e o que significava. Ele respondeu que o conjunto daquele material ainda era pequeno, mas o suficiente para montar exposições culturais e educativas e que no futuro ele poderia ser utilizado na produção de livros e até para fazer filmes e obras de teatro, assim, no plural. Ele tinha razão ao prever o desdobramento da sua obra na produção científica e no entretenimento. O livro do Evandro Franklin Cascaes: uma cultura em transe aponta os resultados previstos pelo próprio artista e acrescenta ainda mais saber ao campo cultural e científico.
Gelci José Coelho
Museu Universitário Osvaldo Rodrigues Cabral - UFSC