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Juventudes Agricolinas: formação para além de uma profissão?

21 de agosto de 2020

| Emerson Bianchini Estivalete



Tese doutoral, defendida em 2019, no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEdu) da Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Resumo: O presente trabalho aborda as implicações das relações sociais para a constituição de si, envolvendo a sociabilidade de estudantes matriculados em cursos técnicos integrados de nível médio, que vivem em regime de internato, em um Instituto Federal localizado no estado de Santa Catarina, na cidade de Rio do Sul. Trata-se de um estudo de caso do “tipo etnográfico” (STAKE, 1998), de enfoque qualitativo e interpretação com base na hermenêutica filosófica (GADAMER, 2015). O campo de investigação constituiu-se de uma imersão por trinta dias, percorrendo as diferentes ambiências de convívio dos jovens discentes na Instituição, com maior tempo de observação no alojamento masculino. O período de imersão foi dividido em quatro semanas, uma semana em cada mês, de fevereiro a maio de 2018. Foram produzidos: um diário de itinerância (BARBIER, 2007), entrevistas compreensivas (KAUFMANN, 2013), feitas com doze interlocutores selecionados aleatoriamente, todos pertencentes ao terceiro ano, e análise documental (LÜDKE; ANDRÉ, 2013). Os achados da pesquisa apontaram para um cenário institucionalizado, balizado por regras preestabelecidas e/ou tácitas e vigilância constante, em que a vida é administrada como estratégia de controle, guardando alguns traços de instituição total (GOFFMAN, 2008). Esse lugar, ao ser povoado por jovens entre 14 e 18 anos, transforma-se em um espaço de diversidade das culturas juvenis, onde o convívio gera fortes amizades, como resultado de desafios e possibilidades de aprender por meio de diferentes processos de sociabilidade, implicados em vivências e experiências transformadoras, que se projetam na constituição de si (MELUCCI, 2004) de cada um desses atores. Verificou-se que, mesmo diante de estratégias homogeneizadoras, as táticas individuais de resistência de cada jovem astuto (CERTEAU, 2014), na defesa da suas singularidades e de seus interesses, geram diferentes aprendizados, que podem se somar aos saberes de cada um do grupo, oferecendo possibilidades ímpares de alargamento e fusão de horizontes, que reverberam positivamente no preparo para o devir. Acredita-se que este trabalho possa contribuir para o aprofundamento da compreensão das relações que se estabelecem entre jovens internos e como essas relações podem colaborar para a formação de suas identidades no processo de constituição de si.

Link: http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/8574