Uma lágrima de pedra

caiu silenciosa...

 De manhã cedo quando seguia em silêncio pelo caminho coberto de folhas secas, ao levantar o olhar deparei-me com um rio caudaloso e transparente.  Do outro lado, banhada  pelo sol da manhã, erguia-se uma muralha de pedra.

- Como farei para seguir adiante? – Perguntei-me. E uma voz que não sabia de onde vinha disse:

- “Aguarde um instante. Teu avô te levará voando”.

Meu avô levado pela idade avançada,  há muitos anos habita a terra dos mortos, disse:

- “Estou fraco. Veja como estou tremendo”.

Então abriu-se uma porta na parede de pedra no outro lado do rio. Flutuando fui em direção ao alto da rocha. Enquanto atravessava o rio, vi uma lágrima de pedra caindo silenciosa pela parede.

- “Não se preocupe”. Ouvi a mesma voz dizer.

Ao chegar lá em cima, encontrei nove pessoas. Quatro, com um bastão de ferro em cada mão para ferir a vida. Outros quatro com escudos de bronze protegendo a vida de quem parecia ser o chefe que veio em minha direção brandindo uma espada para meter-me medo.

Eu parei. Então ele disse:

            - “ Esse é bom. Não tem medo”.

Todos eles estavam vestidos com uma jaqueta de bronze até os joelhos. Tinham na cabeça um capacete de ferro.

Então a voz prosseguiu dizendo:

            - “ Vai para casa e escreva o que teu coração te disser”.

Texto retirado do livro “ANTOLOGIA POÉTICA E OUTROS TEXTOS” publicado pela Gráfica Editora 3 de maio Ltda, Blumenau 2019.